terça-feira, agosto 16, 2005

Dr. Mário Gonçalves Carneiro

Em 1945, as termas não passavam, de uma “nascente” onde, apenas existia uma “Buvete” de água não captada.
Próximo da “Buvete” realizava-se semanalmente a Feira do Gado, e no ribeiro vizinho, “Rivelas”, lavava-se roupa doméstica.
No poço de água quente chamado “Fonte dos Militares” depenavam-se galinhas e procedia-se a lavagem de garrafões.
Próximo da “Buvete” existiam algumas pensões rodeadas de terrenos onde eram lançados os estrumes de animais para adubar as plantações hortícolas.

Foi este o estado de coisas que o Dr. Mário Carneiro teve que enfrentar quando, em 1945, assumiu a direcção Clínica das Termas.

Conforme consta do relatório da época termal de 1946, fez vistoria aos estabelecimentos hoteleiros de Chaves, conseguindo uma assinalável melhoria das condições de higiene e da preparação dos banhos, obrigando-os à desinfecção das banheiras.
Conseguiu também a proibição da recolha dos animais nas lojas das habitações circundantes. Abriu inquéritos, alguns deles por falta de higiene; isolou a fonte de utilização pública da única de uso terapêutico; conseguiu a impermeabilização das fossas; o afastamento das pocilgas; a cobertura dos canos de esgotos e a proibição de despejos de dejectos no Rio Tâmega.
Conseguiu, logo no primeiro ano, instalar no local das Termas um gabinete de atendimento e deu, durante muitos anos, consultas gratuitas à maioria dos doentes.
Em apenas um ano a clientela das Termas de Chaves subiu em número e em categoria.
O Dr. Mário Carneiro reconhecia que esta era uma primeira vitória numa longa luta.
Solicitou a Autarquia que procedessem ao desvio do leito do “Rivelas”. Tendo obtido a aprovação do Ministério das Obras Publicas.

Mas... como nessa altura, não havia ajudas da “C.E.E.”, nem havia “Programa Polis”, devido a “alguns erros e desmandos de varias Autarquias (sublinho Autarquias), e, principalmente pela escassez de verbas para obra de tanta monta, chegaram estas a um estado de total rotura”.
O Sonho, de Mário Carneiro, teve que ser adiado. Foi feita a proposta para que “seja considerada abandonada a nascente Caldas de Chaves.
A concessão das Caldas foi retirada à Câmara em 6 de Junho de 1947
”.
Em nenhuma altura, foi imputada qualquer responsabilidade ao Dr. Mário Carneiro, como, alguns facciosos esquizofrénicos, querem tentar insinuar. Pobres Tontinhos.

Para conseguir a continuidade das Termas, em 1949, a exploração das Aguas das Caldas muda para mãos de particulares. A gestão foi entregue ao banqueiro Cândido Sotto Mayor.
Interesses privados fizeram com que, que durante parte deste período, Mário Carneiro interrompesse a Direcção Clínica das Caldas, embora nunca tenha abandonado o exercício da clínica termal no balneário.
Não obstante as circunstâncias difíceis que encontrou, e a incompreensão de muitos, na sua saudável teimosia, o clínico nunca se deu por vencido.

Apesar de algumas melhoras, significativas, como a construção da actual ”Buvete” e um balneário provisório, para tristeza do médico Mário Carneiro, o seu grande sonho e projecto não chegou, mais uma vez, a concretizar-se.
Por despacho do Ministerial do Secretario de Estado da Industria, de 10/11/1960, publicado no Diário do Governo n.º 279 – III Série, de 30/11/1960, foram marcados prazos ao concessionário das Termas de Portugal, para cumprimento das clausulas impostas pelo alvará, nomeadamente a revisão das “captagens” e a construção do Balneário e Hotel.

Em 1963, a exploração das Termas regressado à Autarquia.
Deus quis, o Dr. Mário Carneiro sonhou e a Obra aí esta.
Em 1945 foi nomeado Director Clínico de uma “Fonte”. O seu Sonho, era transformar as Termas de Chaves numa das melhores do País,
Dessa “fonte”, com a sua perseverança, fez “brotar” umas Termas que são hoje o orgulho da cidade e dos Verdadeiros Flavienses.

A sua devoção à causa das Termas valeu-lhe o reconhecimento da Cidade e do País ao lhe ser atribuído, pelo Presidente da Republica Dr. Jorge Sampaio, o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito, em 10 de Junho de 1977.


Das outras Homenagens de que foi alvo destacam-se:
Homenagem dos amigos, nos 25 anos de actividade nas Caldas de Chaves.
Homenagem do Grupo de Amigos das Caldas de Chaves nos 40 anos de actividade.
Medalha Municipal de Mérito – Grau Prata (1993).
Medalha Municipal de Mérito – Grau Ouro (1995).

Fevereiro de 2004 – Foi Homenageado pelo Ministro da Saúde, Dr. Luís Filipe Pereira com a entrega da Medalha de Serviços Distintos (Ouro).
Homenagem da ordem dos Médicos por 60 anos de pratica clínica em Março de 2004.

Em Março de 2004 decidiu abandonar o exercício da medicina e consequentemente o cargo de Director Clínico das Caldas de Chaves.


Deixou um Complexo Balnear de nível Europeu

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